A reputação como ativo de profissionais e organizações

A reputação como ativo de profissionais e organizações – “À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. O provérbio milenar tem origem no ano 60 a.C., após uma suspeita de infidelidade envolvendo a então esposa do imperador romano Júlio César. Mesmo sem ter sido comprovada, a suspeita levou ao divórcio do casal, já que a própria repercussão pública do boato, por si só, viria a afetar a imagem pública do imperador diante de seus súditos.

História e provérbios à parte, o fato é que a exposição pública é uma preocupação de profissionais e de organizações há muito tempo, mas que ganhou força à medida do desenvolvimento dos meios de comunicação. Os jornais, no século XIX; e o rádio e a TV, no século XX, amplificaram o poder de difusão de mensagens junto aos cidadãos, consumidores e eleitores, exigindo esforços significativos dos gestores de comunicação.

Mas é na virada deste último milênio, com o advento e popularização da web, que se observa o maior desafio à gestão da comunicação e imagem pública: se por um lado a web permitiu às organizações conhecerem melhor seus públicos e estabelecerem uma comunicação mais assertiva; por outro, a reconfiguração dos fluxos de informação e comunicação em escala global, causada especialmente pelas redes sociais digitais e aplicativos de conversação, exige de todos uma nova maneira de pensar e agir.

O cidadão até então passivo e suscetível a imposições comunicativas, políticas e mercadológicas, agora ocupa um papel ativo neste processo, reagindo, produzindo e disseminando suas próprias mensagens, tornando-se agente participante do processo de construção e desconstrução de imagens públicas. O consumidor que sente-se lesado; o eleitor que sente-se enganado; e o cidadão que sente-se injustiçado, apropriam-se das ferramentas de comunicação enquanto um instrumento para o exercício da cidadania.

É certo que esta dinâmica gera intensa matéria-prima para compreender hábitos e preferências; mas torna ainda mais complexo o processo de manutenção de imagens públicas, que ficam mais suscetíveis a críticas, questionamentos e crises. Imagens que a qualquer momento podem dissolver-se e levar consigo a dissolução da própria organização ou carreira profissional, quando tais crises afetam seu principal ativo: sua reputação.

Por isso, transparência, sinceridade e honestidade nunca foram tão importantes como nas atuais relações sociais, políticas e comerciais. Dar visibilidade e incorporá-las ao processo comunicativo é determinante para a manutenção de uma imagem pública coerente e, por conseguinte, sua sobrevivência. Profissionais e organizações que ainda não compreenderam esta dinâmica correm sério risco de desaparecerem. Afinal, “ser” e “parecer”, juntos, nunca fizeram tanto sentido como agora. Negar um destes dois elementos do processo comunicativo pode ser fatal.


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